terça-feira, agosto 26, 2008

romanceando

Hoje é um daqueles dias em que eu queria contar história, mas o telefone acaba de me chamar pra viver a história.
Vou ali - beber minha novela, dormir meu conto, possuir meu poema, beijar meu romance, respirar minha epopéia!
Sinto como se cada movimento meu fosse rabisco da caneta de um grande artista - que desenha seu texto em mim com caligrafia delicada.

sexta-feira, junho 06, 2008

Esta televisão não tem entrada para DVD

Quando eu te vi, primeiro na lotação e, alguns minutos depois, algumas paradas depois, no mesmo bar em que nunca te vi por três anos – porque eu teria me lembrado do teu rosto sem piercing, do teu cabelo castanho e desse olhar comum que seria tão único pra mim três anos depois da primeira de freqüentes idas ao barzinho árabe da esquina enjoada do meu prédio –, a verdade é que, quando eu te vi naquela noite, não lembro como os olhos que estavam duas mesas à esquerda da minha, sem mais nem menos, encaravam os meus distantes por poucos centímetros – até que tudo ficou escuro, mas não é sobre isso que eu queria falar.
Eu só precisava te contar que, quando eu te vi naquele bar, alguma coisa – que eu não sei muito bem até hoje – me atraiu praquela conversa estranha, que terminamos no meu apartamento. Terminar, não terminamos, na verdade, mas foi na primeira dessas várias conversas de madrugadas intermináveis que eu permiti que acontecesse toda essa história que me invadiu a ponto de me tirar do mundo e que fez crer que eu já não tinha o que procurar. E querer o quê mais desta vida se tudo que eu precisava existia cada vez que te via abrir a porta, com vinho, pizza e fitas de vídeo na mochila? Foi então que ela lembrou meus dezenove anos e disse que havia coisas pra mim no mundo, e que era preciso viajar pra longe, conhecer pessoas e lugares. Experiências, outras experiências. Então, o “nós” começou a me sufocar, por ser tão bom, tão completo que não me fazia desejar qualquer outra coisa. E desejar é participar da vida. Eu precisava ir atrás de alguma coisa, e fui. Não gostei das pessoas que eu conheci, porque não pude falar sobre elas contigo. Talvez, tu gostarias de ver algumas fotos, ouvir algumas histórias engraçadas. Eu aprendi a falar alemão e a desejar te ter por perto o tempo todo.

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(papel fechado)

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– Ah, entrega pra’quele moço de blusa verde e olhar perdido, por favor?