sábado, outubro 28, 2006

para um gato preguiçoso

Uma madrugada de julho de 20... Na Avenida..., o ônibus pára. Ela anda com passos despreocupados. O vento frio do inverno sempre a faz sentir-se bem. De repente, sente uma presença. Um homem. Estranho. Caminha apressado. Está a seu lado. Ela também apressa o passo. Lado a lado. Ofegante. Na rua, não mais que um ou outro carro passando. O silêncio. Os passos de um desconhecido. Nada mais. Ela dobra à direita e entra na Rua da... O desconhecido também. Ele parece correr; ela não agüenta mais. Tosse. Recupera o fôlego. O desconhecido atravessa a sua frente. Desespero! Então, enxerga seu prédio. Abre a porta com um sorriso infantil que pensava não ter mais. O desconhecido seguiu. Deve morar mais adiante. Ela venceu! Chega em seu pequeno apartamento vazio, feliz por ter vencido. Gostaria de conhecer o desconhecido. Queria ligar, ou mesmo gritar da janela “hei, bobão, cheguei primeiro”, rir e mostrar a língua. Mas não, que tola! Pega o gato no colo e conta o que acabara de acontecer. Beijou o animal que, em resposta preguiçosa, saltou de seu colo. Gatos!
No chão, o vídeo que editara à tarde. Precisava dormir. Deveria apresentar o vídeo pela manhã.

Naqueles instantes antes de dormir, talvez percebesse que sua vida não era mais o plano de uma adolescente. Não, era real. As almofadas coloridas e inertes que abraçava à noite eram reais.

Talvez pensasse nas horas...
Que horas são?
Ninguém responde.
Que horas são?
Já não importa.
Talvez tenha ouvido um barulho na cozinha...
Quem está aí?
Outro gato.
Sorri e adormece.
Hoje ela teve uma história.
Tola, só sua... mas teve uma história.

* eu tinha citado os nomes da avenida e rua que imaginei quando escrevi, mas achei melhor não colocá-los por qualquer coisa que me ocorreu de repente... enfim... portoalegrês-demais-e...

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