segunda-feira, outubro 30, 2006

Dentro do Espelho

Ela não parece acreditar em muitas coisas...
Atravessa ruas e ruas, por entre pessoas e pessoas (das ruas ela parece gostar)
Por vezes, alguma garotinha de saia, olheiras e meias três quartos a fazem virar os olhos. Não mais que poucos segundos; algumas horas de uma mesma noite, no máximo...
Olhando assim, não se diria que ela odeia alguém. O estranho é que também não demonstra qualquer tipo de afeição.Daqui eu nunca a vi com rapazinho algum, nem guriazinha ou coisa do tipo. Nem é dada a escândalos; aqui neste prédio, alguém perguntou, poucos sabem seu nome ou sequer de sua existência (ah, claro, a filha da...).
Eu não creio muito nessas coisas, mas essa aí, pra mim, tem algo de sobrenatural. "Isso" não tem vida, não ri (eu nunca vi), mal sai de casa (não fossem as obrigações automáticas...) e o quarto amanhece à meia luz, às vezes na sala, mas lá é coisa que ver não posso.
Às vezes, raramente, ela me olha. Olhos fixos nos meus. Chega a dar arrepios...
porque é como se não me visse...
Como se o morto fosse eu!

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